Desprovidos de asas e de penachos, os caráteres medíocres são incapazes de voar até o ponto mais alto ou de se bater contra o rebanho. Sua vida é eterna cumplicidade com a dos outros. Tornam-se tropa mercenária do primeiro homem firme que saiba ungi-los a seu jugo. Atravessam o mundo preocupados com sua sombra, ignorando sua personalidade. Nunca chegam a se individualizar, desconhecem o prazer de exclamar "eu sou" diante dos demais. Não existem sós. Sua amorfa estrutura os obriga a diluir-se em uma raça, um povo, um partido, uma seita ou em uma quadrilha, sempre abandeando-se com outros. Sustentam todas as doutrinas e preconceitos consolidados através de séculos. Assim prosperam. Seguem o caminho dos menores obstáculos, nadam a favor de toda correnteza, mudando de direção a seu sabor. Não há mérito em seu movimento águas abaixo, é pura incapacidade de mover-se águas acima. Crescem porque sabem adaptar-se à hipocrisia social, como as lombrigas ao intestino.
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